
Yoga é uma jornada! De descobertas, de autoconhecimento, de liberdade… Iniciar o caminho do Yoga é descobrir que existe um mundo além de todas os limites que te contaram. Porém, no ocidente é comum as pessoas associarem o yoga à uma atividade física apenas.
E é compreensível que isso aconteça dada a forma com que o yoga é ensinado em muitas academias e principalmente às diferenças de paradigmas que existem entre as filosofias que se desenvolveram no Ocidente e às que se desenvolveram no Oriente e que dividem suas origens com a filosofia do yoga.
E com isso não quero dizer que a parte física do yoga não tenha seu valor. Muito pelo contrário. Os asanas (posturas) são extremamente importantes e úteis para que as pessoas se desenvolvam no que é a essência do yoga, ou seja, o autoconhecimento.
Mas com tantos estilos diferentes, qual escolher?
Baseada em tudo que aprendi até o momento a respeito da essência do yoga, eu diria que para isso não existe uma resposta certa. Ou diria ainda que o melhor estilo ou mesmo corrente do yoga é aquele que você consegue praticar e se manter praticando – com disciplina, entusiasmo e alegria, importante pontuar!
E sobre esses aspectos há muito o que se falar, mas nesse momento meu objetivo é te ajudar a entender o que é yoga, porque você deveria praticar e como escolher o seu estilo. Então, de forma bem sucinta vamos para a parte didática!
O que é yoga?
Yoga é uma ciência de autoconhecimento, que inclui um vasto e milenar conhecimento filosófico a respeito da natureza do ser e da realidade e inúmeras práticas para que você possa validar esse conhecimento por si mesmo.
Alguns princípios básicos desse conhecimento são a essência espiritual do ser humano, que é a mesma de todas as coisas que existem. Essa essência a partir da qual tudo se forma é comumente “dividida” em Consciência e Energia, e é a “matéria prima” de base para cada partícula que existe nos muitos Universos. A Consciência é o impulso criador masculino, a Mente Cósmica que imagina tudo que existe, e Energia é o Poder, Energia Cósmica que “materializa” e dá vida a este impulso. Mas essa divisão ainda é irreal e serve mais para termos didáticos, porque na verdade, não há divisão. Consciência e Energia também são uma única coisa. E destes princípios decorrem vários outros que explicam a natureza da realidade.
Quanto às práticas, embora elas promovam uma série de benefícios ao corpo físico e à mente, como cura de doenças, bem estar, relaxamento, concentração, redução de estresse e ansiedade (muitos já comprovado pela ciência ocidental atual), seu principal objetivo é possibilitar que a nossa validação a respeito dessas “verdades” seja experiencial, e não somente intelectual. Mas o principal: que não seja dogmática! Como diz Swami Vivekananda em seu livro “Raja Yoga”: “Todo ser humano tem o direito de perguntar o porquê e encontrar sua resposta por si mesmo, se ele se der ao trabalho”.
Essa validação é o que podemos chamar de cura espiritual. É a expansão da consciência, que possibilita a cada ser humano tomar as rédeas da própria vida para melhorar e evoluir a cada dia, se libertando de padrões mentais e sociais, crenças limitantes e tudo mais que possa lhe causar sofrimento e lhe impedir de ser o melhor que ele pode ser. E as práticas têm como base o uso do nosso próprio corpo para controlar a nossa mente, que é o que nos impede de perceber nossa essência e fazer essa validação.
Dependendo da abordagem filosófica, os métodos podem ser classificados de diferentes formas, mas tradicionalmente podemos falar em quatro correntes?
Em outras palavras, nosso corpo é o nosso laboratório, que já vêm de fábrica equipado com tudo que precisamos para encontrar todas as respostas que quisermos encontrar, e o yoga é a ciência que provê todas as instruções para usarmos as ferramentas desse laboratório, exatamente como elas são. Portanto, QUALQUER PESSOA PODE PRATICAR YOGA! Basta querer.
Quais são os métodos do yoga?
- Jnana Yoga: busca a transcendência da mente pelo uso da própria mente, por meio do estudo filosófico para responder a questões fundamentais como “quem somos nós”, “de onde viemos” etc. É o que os cientistas praticam. Talvez o mais difícil, já que usa-se a própria barreira ao entendimento (a mente) para encontrar o entendimento.
- Karma Yoga: busca a transcendência da mente pelo serviço altruísta, o famoso “fazer o bem sem olhar a quem”. É o que se pratica quando ocorre uma entrega ao serviço pelo próximo sem esperar nada em troca, e cujo melhor exemplo seria o amor maternal (considerando-se obviamente as mães que realmente tem essa atitude desinteressada).
- Bhakti Yoga: busca a transcendência da mente pela devoção ao divino, por meio de práticas como rituais, mantras, contemplação de símbolos, cantos. São práticas que atuam de forma intensa no corpo emocional e proporcionando grande elevação vibracional. É o que normalmente se pratica nas religiões.
- Raja Yoga: é o yoga da meditação e inclui as práticas que normalmente são associadas ao yoga pela maioria das pessoas, como a prática de asanas (posturas), técnicas de respiração e meditação e outras técnicas corporais, que ajudam a reduzir o fluxo mental. É a transcendência da mente pelo uso do corpo como ferramenta principal, e dentro do Raja Yoga se desenvolvem duas abordagens filosóficas:
- Ashtanga Yoga: classificada como período clássico do yoga, que significa “yoga de oito passos”, e inclui os princípios morais e éticos para com o outro (yamas) e consigo mesmo (nyamas), posturas (asanas), técnicas de respiração para expansão do prana ou energia vital (pranayamas), controle dos sentidos (pratyahara), concentração (dharana), meditação (dhyana) e iluminação (samadhi).
- Hatha Yoga: tido como uma abordagem de preparação para o Raja Yoga, mas que eu particularmente vejo como uma abordagem filosófica por si só, pois se diferencia do Ashtanga pelo fato que tem um foco inicial nas técnicas corporais e energéticas originárias do Tantra, com uma compreensão de que os yamas e nyamas, na verdade se desenvolvem à medida que se aprofunda na prática. Fora isso, inclui todas as práticas do Ashtanga, porém com uma abordagem mais ampla dos asanas – que no Ashtanga limitam-se às posturas específicas para a meditação – além dos shatkarmas (técnicas de purificação interna), bandhas (bloqueios energéticos) e mudras (selos energéticos). E é a partir dessa abordagem que se desenvolvem os inúmeros estilos de yoga que normalmente associamos ao yoga, e que de uma forma simplificada, são apenas formas diferentes de se praticar o Hatha Yoga que podem atender a objetivos específicos além do objetivo essencial que é a expansão da consciência para alcançar a iluminação.
Quais são os estilos de yoga?
Os estilos de yoga são muitos, mas aqui vou falar sobre quatro dos mais populares:
- Hatha Yoga Tradicional Indiana: foco em meditação, presença e aterramento, com permanência longa nos asanas, pranayama e mantra sem sequenciamento ou estilo específicos. Baixo risco de lesões porque o professor tem mais tempo para ajuste.
- Ashtanga Vinyasa: sistema antigo que consiste em seis séries de ásanas em sequências fixas, em que se alinha movimentos à respiração ujjayi. Apresenta alto risco de lesões, a menos que seja no estilo Mysore, em que cada aluno realiza a sequência no seu próprio ritmo e recebe ajustes individuais do professor, bem como deve dominar cada asana antes do próximo da sequência.
- Vinyasa Flow: consiste em uma sequência livre de posturas conectadas à respiração ujjayi, com tempo menor de permanência sem a necessidade de uma quantidade específica de respirações. Considerada uma prática intermediária a avançada, pode ser muito criativa e variar bastante de acordo com o professor.
- Hatha Flow: diferencia-se do estilo vinyasa apenas pelo tempo de permanência em cada postura, que é mais longo.
Resumindo
Qual corrente e estilo são os melhores para você?
Como eu citei antes, yoga não é dogmático. É uma ciência e os dois pilares que a sustentam são Abhyasa (disciplina) e Vairagya (desapego). Disciplina para manter a prática e desapego de tudo que te afasta da prática, em especial as pré-concepções e expectativas sobre onde você vai chegar com ela, bem como das “verdades” que carregamos e que tantas vezes nos impedem de evoluir.
Portanto, se eu fosse falar do ideal, iria dizer: inclua todas as correntes na sua prática diária, uma vez que elas possibilitam abordagens e experiências em diferentes esferas do nosso ser, e dedique-se a um estilo que atenda às suas necessidades e respeite as condições atuais do seu corpo físico.
Porém, acredito que mais frutífero do que surtar para encaixar no seu dia-a-dia uma rotina rígida e austera de práticas que talvez não façam nem sentido para você, é adotar uma atitude de leveza e compaixão consigo mesmo, dedicando-se ao seu autoconhecimento sem desrespeitar seu processo, seu corpo e o seu momento. Porque yoga não tem pré-requisito. Yoga é uma ciência de autoconhecimento. E se mudamos o tempo todo, o autoconhecimento precisa acontecer o tempo todo, até o último dia de nossas vidas.
Dessa forma, agora é o melhor momento para começar, bem como a melhor corrente e o melhor estilo são aqueles que você consegue praticar!
Inicie essa jornada!

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